Sensations

PRAZER E DOR


Meus lençóis ainda sujos de sêmen
Refletem o amor mais puro que tenho,
A saliva mais ácida que experimentei
E aos beijos mais longos que não tive…

Minha cama, hoje, geme,
De prazer e dor…

O prazer de não te ter e a dor
De ter-te tido alguma vez…

Meus travesseiros amparam as lágrimas
Que um dia escorreram com sua partida,
Com sua trégua, com sua falta…

Meu cérebro está dormente,
Anestesiado para tudo o que é você!
Para tudo o que foi você,
Para tudo o que fomos…
A dor da despedida ainda não cala,
E as lágrimas sanguinárias ainda ecoam
Meu pobre ser à procura de um repouso
A espera de um pulsar,
De um acolher,
De um amor,
De você.
  

PERDÃO PAIXÃO

Desculpe-me se te fiz chorar…
Suas lágrimas, agora, ecoam dentro de mim,
Esse ser a procura de um alguém…
Esse sentimento que corrompe meus padrões
Faz-me pensar em tudo o que não disse
Em todos os sorrisos que não dei,
E em todos seus traços procurando meus olhos…

Se te fiz chorar perdão…
Perdão por não ser um ancoradouro…
Perdão por ter você no meu choro…

Perdão por tudo o que não fiz…
Por não ser um triz…
Por ter você, meu, anis…
Por não ser atriz…

PERDÃO POR SER EU
POR NÃO SER NÓS…
POR NÃO TER VÓS…

PERDÃO POR SER ESSE ASCO
QUE TRAGO NO SEU TRAGO!

PERDÃO…

 A ÂNSIA DO RETORNO


Hoje eu tive a ânsia de ter-te tido
A salobra de ter lhe beijado
A inocência de acreditar
Que tudo um dia voltaria a ser
Este branco paz…

Este momento que sinto agora
Esta segurança pura…
Até mesmo esta pobre insegurança
Que me faz rir
Esta incerteza
De estar escrevendo
Verdades tão verdadeiras
Quanto as ditas
Na hora do gozo…
Tão puras quantas
Suas mentiras de encontro
Às minhas preces…
Seus anseios frente
As minhas incertezas…
Suas certezas em frente
Ao meu desespero constante
De um corpo calmo
Sereno, tranqüilo,
Como este branco paz,
O qual me negou…
Negas-me agora
Que um dia foi feliz…
Diga que fomos felizes
Que retirarei todas as mentiras,
Incertezas, lágrimas
E até mesmo todas as verdades…

Serei assim nulo…
Repleto de aços,
Repleto de mim…
Um verdadeiro branco paz,
Um ancoradouro…
Serei apenas eu
Para você…
Sem cobranças, restrições…
Afirmações e indagações…
Seremos felizes…
Seremos serenos…
Seremos repletos de nós…
Seremos tudo o que foi belo,
Seremos tranqüilos e agitados…
Sermos constantes, como marés…
Seremos fechados como ostras…
Seremos nós como nós um dia fomos…



A DOR DE TE VER

A dor de ver você partir
Assola meus sentimentos
Acorda minha alma
E mutila minha razão…

Ter a certeza de te ter novamente
Tortura todos meus sonhos
Destrói meus desejos, profundos,
Anseia minha carne
E derrota minha pureza…

Ver você, assim,
Imundo, me dói,
Me tortura, me avassala,
Me condena…

Sua boemia é minha lacuna,
Sua insanidade é minha certeza,
Sua certeza é meu medo
E você, ainda, meu amparo…

Se me amas, porque me destrói?
Se me veneras, porque me maltrata?
Se me amas…
Porque…
Amar…
Você?…
NÃO!…

Tenho saudades dos dias lindos
Como você, com você, para você,
Tenho saudade do tempo em que riamos,
Não chorávamos, não nos machucávamos, não nos odiávamos,
Tenho saudade do tempo em tudo era divertido
Até mesmo a impressão de não nos vermos mais…

Tenho tantas saudades, assim como tenho meus medos…
Tenho meus medos, assim como tenho você…
Tão distante e tão próximo de mim!



 AFAVELIDADE

Sou tua sombra,
tuas rédeas,
Seu desejo e
sua dor…

Sou vermelho,
Azul
E seu anjo…

Sou sua loucura
E tuas lágrimas…

Sou sua tristeza
medos,
Anseios e
Sonhos,

Quero ser tanta coisa
Em sua vida
E a única coisa que
Consigo ser é
um instante breve
Entre tudo isso
E a realidade de teu gozo…


FADIGA

Sinto-me, cansado,
Impotente e tão nulo
perante essa disritmia
em que me encontro.
Minhas pernas
já não me obedecem e
Meus olhos me traem…
Meus braços tremem e
meus vermes me consomem;
A dor parece ser menor que a de ver-te partir
Sem destino, sem rumo e sem abrigo…
Deixando para trás o cheiro seu que ainda há em sua penteadeira,
junto a seus objetos sem uso,
os sapatos jogados e mal distribuídos pelo quarto ainda me atrapalham,
suas roupas íntimas ainda ocupam minhas gavetas
E você ainda parece estar vivo dentro da vala imortal que há em meu peito,
luto como canibal contra os vermes,
pois tudo o que tenho é o que nada me resta,
nada mais que sua imagem presa,
alagada, dentro da vala que acumula esperança
de ter-te em meus braços e juntos
desbravarmos as araucárias e construirmos nosso próprio oásis,
a canseira, a dor e a tortura somem
quando sua imagem suaviza meu corpo maltrapilho.

A árida distância dos teus braços
tornam-se estímulos para essa peregrinação solitária
que faço diariamente entre um pensar e outro…